Por Daniel Torres Araripe*
O Canal do Sertão Pernambucano em discussão é o maior projeto público do governo federal no Estado de Pernambuco, prevê a implantação de 120 mil hectares de terras irrigáveis em todos os sertões começando em Casa Nova na Bahia onde vai ser o ponto de captação no Lago de Sobradinho, passando pelo São Francisco, Araripe e alguns municípios do Sertão Central. Estimado um investimento na ordem de R$ 7 bilhões de reais. beneficiando milhares de famílias sertanejas que sofrem com a escassez hídrica da região.
Codevasf
A Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba – Codevasf, tendo como exemplo de sucessos os projetos de irrigação implantados na região do São Francisco, estuda a elaboração do maior projeto de produção de alimentos e insumos para agroindústria da história do Estado de Pernambuco, que é o Projeto Canal do Sertão Pernambucano. Entretanto esse importante projeto se encontra paralisado há mais de 20 anos na Codevasf.
É importante salientar
Desde a década de 90 a Codevasf mandou fazer um estudo da viabilidade econômica e social deste Projeto, além de significativo número de áreas irrigadas promete gerar 370 mil empregos diretos e indiretos, renda gerada pelo projeto superior a 15 bilhões de reais anuais, com uma taxa de retorno de investimento de 22,5% ao ano.
Desenvolvimento Regional
A criação deste polo de irrigação, principalmente no Araripe, pode atrair investimentos e indústrias, promovendo o desenvolvimento econômico do sertão pernambucano, para isso a Região do Araripe hoje já tem energia sustentável em larga escala (maior polo de geração de energia eólica e solar do Brasil) e uma estrutura ferroviária e rodoviária para escoamento de produção, principalmente a Ferrovia Transnordestina que cruza a região, podendo levar facilmente os produtos decorrentes da irrigação em larga escala para exportação, através do Porto de Suape-PE e Pecém-CE.
Importância
A conclusão deste canal é de extrema importância para o desenvolvimento econômico e social da região, proporcionando melhores condições de vida para os sertanejos e impulsionando a agricultura irrigada, a pecuária e a produção de cana-de-açúcar e de biocombustível (etanol), beneficiando também diretamente o Polo Gesseiro da Região do Araripe polo este, que atualmente gera mais de 90 mil empregos diretos e indiretos, produzindo artefatos de gesso para construção civil e corretivo de solo para agricultura em todo o Brasil. A palha da cana poderá substituir a atual matriz energética lenha, ou gás para funcionamento dos fornos.
A mobilização
Em torno dessa proposta existe há mais de 01 ano uma mobilização popular através do Movimento Prol Canal do Sertão Pernambucano em que estão captando assinaturas da população envolvida, estão fazendo uma articulação junto ao governo federal a qual recentemente foi entregue um documento reivindicatório ao presidente Lula, a governadora Raquel Lyra através do Comitê do movimento, solicitando que seja colocado a nível dos governos federal e estadual como pauta de debate para posterior implantação do projeto, como também se faz a articulação a nível de Assembleia Legislativa do Estado e Congresso Nacional, e outras entidades representativas na região e no Estado.
Políticos omissos
O que se percebe até então, a baixa adesão no geral de alguns políticos de Pernambuco, salvo raras exceções de alguns que estão envolvidos de certa forma, se supõe que só irão se aproximar mais perto da campanha eleitoral visando tirar proveito na mobilização popular em torno da proposta. A classe política sempre se comporta assim quando chega o período eleitoral se renova as velhas promessas passou, fica em segundo plano, fica no depois vamos ver isso.
O apoio político
É unanimidade dentro do Movimento que qualquer político é bem-vindo abraçando a causa, desde que venha para somar, para trazer apoios significativos, que admita que existe uma mobilização popular através de um comitê gestor, e que não venha com a ideia de querer ser a liderança, querer ser o pai ou mãe da criança. É imprescindível o apoio político nestes termos, que venha fortalecer o movimento popular, e não querer tirar proveito político eleitoral da situação.
*Daniel Torres Araripe é empreendedor social, presidente da Adesa – Agência de Desenvolvimento Econômico e Social do Araripe, comentarista, ativista político, e membro do Comitê Prol do Canal do Sertão.